Romantismo (1836 - 1881)
É uma Estética Literária, um movimento que surgiu no Brasil em 1836. Produziu-se poesias, romances, contos, teatros e algumas crônicas. Seu início foi marcado quando Gonçalves de Magalhães viajou para França e descobriu o movimento que já era praticado lá. Escreveu "Suspiros Poéticos e Saudade", seu primeiro romance, o qual introduziu a estética no Brasil.Está diretamente ligado com os sentimentos, é a primeira escola literária da era nacional Brasileira. Quinhentismo, Barroco e Arcadismo estão no período colonial brasileiro. A revolução Francesa gerou a ascensão da burguesia, onde o lema era "Liberdade, Igualdade e Fraternidade". E teve grande influência no romantismo, deixou o legado da liberdade do ser humano, do indivíduo, em que a Aristocracia perde seu espaço e é a Burguesia que assume o eixo. Enquanto aqueles liam obras enormes, estes se ocupavam do comércio, portanto tinham pouco estudo. Então, fora criado o Romance, livro com linguagem elaborada para que os burgueses pudessem entender. Os autores expõem suas críticas e visões de um modo que não havia ocorrido ainda na literatura brasileira.
A chegada da família real, em 1808, mudou o centro econômico, que sai de Minas Gerais e vai para Rio de Janeiro, na cidade Petrópolis, região serrana do rio.
O período quer mostrar a paixão, e o apego que temos pela terra, o Nacionalismo. Essa ideia é tão grande, que a partir do século 19, é criado o hino nacional brasileiro. O escritor abre o coração, fala de seus sentimentos. Usa de versos livres (de diferentes tamanhos) e de versos brancos (sem rima).
Há o Nacionalismo Ufanista, com a valorização do país. Foram cerca de 300 anos de prisão, e após o Brasil ser liberto, há o amor exagerado por sua pátria, eles só veem o lado bom do país.
O romantismo é dividido em três gerações, são elas: Nacionalista ou Indianista, Mal do Século ou Ultrarromantismo e o Condoreirismo.
Nacionalista ou Indianista
O século 19, era muito comum os filhos de fazendeiros irem estudar na Europa, e devido a isso, sentiam saudade das terras brasileiras, de tal forma expressa nos poemas. Tentaram criar uma identidade nacional, e também criar um herói, alguém que represente o povo e a nação brasileira. O índio e a natureza são temas principais. A religiosidade também aparece, a fim de entender o que acontece após a morte e o que ela significa.
O amor é impossível, não se concretiza, o poeta tem uma musa inspiradora, ele vive, respira e transpira por essa mulher, mas ele não a toca, ele não a tem.
Gonçalves Dias
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Gonçalves estava estudando na Europa mas sentia falta do seu mundo, está exilado, longe de sua terra e então escreve esse poema. Tão importante, que tal trecho foi para no hino nacional brasileiro, o símbolo da nação. Mostra além da saudade que tem pela sua terra, como também a simbologia que se cria pelo povo.
Ainda Uma Vez Adeus
Enfim te vejo! - enfim posso,
Curvado a teus pés, dizer-te,
Que não cessei de querer-te,
Pesar de quanto sofri.
Muito penei! Cruas ânsias,
Dos teus olhos afastado,
Houveram-me acabrunhado
A não lembrar-me de ti!
No poema, a mulher está sempre acima do homem. Porém, na vida real, a mulher dependia do marido, e se submetia a ele. A mulher é idealizada, branca, olhos claros, o homem reverencia a mulher amada. Com padrão de beleza europeu, a mulher é símbolo de amor, pureza, inocência, religião e moral. Afinal, os poetas deveriam dar o exemplo de mulher.
Mal do Século ou Ultrarromantismo
O verdadeiro mal do século era a tuberculose, grande parte dos escritores morreram jovens por conta da doença, naquela época, incurável. O mal do século era maior entre os poetas, os quais viviam depressivos, muitos estavam insatisfeitos com a vida e pensavam que a morte era a liberdade. Por esse motivo, fugiam para sua infância, passavam a madrugada bebendo ou em orgias.
Em seus poemas, reviviam momentos bons da vida e buscavam a morte, pois estavam influenciados pelos poetas ingleses, especialmente Lord Byron, que escrevia poesias melancólicas, sombrias. Por outro lado, viviam introspectivos e queriam fugir do local hostil que estavam. A vida era um sofrimento. Por isso buscavam fantasiar aquilo que não tinham, a mulher amada é um exemplo, esta é chamada Fuga da Realidade.
Em seus poemas, reviviam momentos bons da vida e buscavam a morte, pois estavam influenciados pelos poetas ingleses, especialmente Lord Byron, que escrevia poesias melancólicas, sombrias. Por outro lado, viviam introspectivos e queriam fugir do local hostil que estavam. A vida era um sofrimento. Por isso buscavam fantasiar aquilo que não tinham, a mulher amada é um exemplo, esta é chamada Fuga da Realidade.
Álvares de Azevedo
É o mais importante poeta da Segunda Geração. Foi um dos grandes leitores de Lord Byron. Escrevia poesias com o tema de amor e morte, poemas repletos de sentimentalismo. Porém não ficou preso à isso, escreveu também poesias irônicas que remetem e antecipa de certa forma a poesia modernista. Tais poesias não se encaixam exatamente no romantismo.
É um poeta tímido, mas o mais macabro e sombrio. Morreu cedo como todos os outros romancistas.
É ela.
É ela! é ela! — murmurei tremendo,
e o eco ao longe murmurou — é ela!Eu a vi... minha fada aérea e pura —
a minha lavadeira na janela.
Há a presença do verbo em primeira pessoa, o eu demonstra o individualismo e o egocentrismo. A imagem da mulher é romântica e idealizada, pura. No último trecho faz uma crítica ao romantismo, quebrando a imagem da mulher ao usar o termo lavadeira.
Poeta Moribundo.
Poetas! amanhã ao meu cadáver
Minha tripa cortai mais sonorosa!
Façam dela uma corda, e cantem nela
Os amores da vida esperançosa!
O poeta tem um visão pessimista do mundo, a morte é uma expressão de sofrimento ao mesmo tempo prazerosa. No restante do poema, afirma o inferno seria um lugar bom porque tem a presença de mulheres. Além das palavras 'feias'.
Casimiro de Abreu
O tema de suas poesias era o amor e o medo, falava da sua infância e da saudade da família, já que hoje vive em solidão e tristeza pela falta que a infância lhe faz, a linguagem torna-se infantil, meiga e carinhosa.
Meus oito anos
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Em seus poemas, há presença de vocativos, interjeições, exclamações e reticencias, a exemplificar o sentimentalismo. A nostalgia, o saudosismo, da mãe, irmã e do lar, tornou-o o poeta da 'aurora da vida', do tempo perdido e das emoções da meninice.
Amor e medo
Quando eu te vejo e me desvio cauto
Da luz de fogo que te cerca, ó bela,
Contigo dizes, suspirando amores:
- "Meu Deus! que gelo, que frieza aquela!"
[...]
Tenho medo de mim, de ti, de tudo,
Da luz, da sombra, do silêncio ou vozes.
Das folhas secas, do chorar das fontes,
Das horas longas a correr velozes.
O poeta está triste e a natureza também está. É um amor romântico idealizado, que não deu certo porque ele não vai até a mulher por ser tímido demais.
Fagundes Varela
Conhecido como o poeta de transição da segunda para a terceira geração. Fala de escravos, e por ser amigo de Castro Alves, as más línguas dizem que ele copiou ideias do amigo.
Antecipou o tema da escravidão, muito trabalhado posteriormente por Castro Alves na terceira geração.
Sua poesia também é mascarada pela morte, em muitas delas, o poeta faz homenagem ao filho que morreu ainda bebê.
Cântico do Calvário
Eras na vida a pomba predileta
Que sobre um mar de angústias conduzia
O ramo da esperança. - Eras a estrela
Que entre as névoas do inverno cintilava
Apontando o caminho ao pegureiro.
Eras a messe de um dourado estio.
Eras o idílio de um amor sublime.
Eras a glória, - a inspiração, - a pátria,
O porvir de teu pai! - Ah! no entanto,
Pomba, - varou-te a flecha do destino!
Astro, - engoliu-te o temporal do norte!
Teto - caíste! - Crença, já não vives!
Correi, correi, oh! lágrimas saudosas,
Legado acerbo da ventura extinta,
Dúbios archotes que a tremer clareiam
A lousa fria de um sonhar que é morto!
Tal poema trata-se de uma elegia, poema fúnebre ou simplesmente melancólico. Além da beleza dramática das metáforas, que parecem antecipar a linguagem poética do Simbolismo, há a sinceridade do sofrimento paterno. Faz uso da hipérbole no trecho mar de angústias, a vida é cinzenta, triste, fria. A pomba predileta seria uma metáfora para seu filho. Nem mesmo no mal do século escapou-se o nacionalismo, em a pátria.
Junqueira Freire
Passou tempos de sua vida em um mosteiro, ao 18 anos tornou-se monge. Passou 4 anos da vida na igreja e ficou dividido entre a vida religiosa e espiritual. Morreu aos 23. Saiu do mosteiro decepcionado com a vida que teve e com o que viu.
Escreveu dois livros em um ano, foram inspirados em suas experiencias monacais. "Inspirações do Claustro" e "Contradições Poéticas"
Morte
Pensamento gentil de paz eterna,
Amiga morte, vem. Tu és o termo
De dous fantasmas que a exigência formam,
— Dessa alma vã e desse corpo enfermo.
Pensamento gentil de paz eterna,
Amiga morte, vem. Tu és o nada,
Tu és a ausência das moções da vida,
Do prazer que nos custa a dor passada.
Amiga morte, vem. Tu és o termo
De dous fantasmas que a exigência formam,
— Dessa alma vã e desse corpo enfermo.
Pensamento gentil de paz eterna,
Amiga morte, vem. Tu és o nada,
Tu és a ausência das moções da vida,
Do prazer que nos custa a dor passada.
De um lado, o poeta afirma que seu lado religioso se deve ao ensinamento de sua mãe, ao passo que sua falta de fé se deve aos seus estudos filosóficos que matavam a sua crença, como bem mostra o prólogo de seu livro “Contradições poéticas”:
“Este livro é a história de minha vida. Uma educação cristã, porém livre, que minha mãe soube dar-me (...) As minhas poesias ortodoxas, portanto, pertencem à minha mãe. São sua inspiração. (...) À proporção que estudava, ia-me tornando mais filosófico, isto é, mais vaidoso, mais ignorante, mais incrédulo. As minhas poesias filosóficas pertencem a esses acessos de loucura.”
Condoreirismo
Condor era um pássaro que habitava a Cordilheira dos Andes. Por voar alto, representa a liberdade, a essência das poesias desta geração.
O poeta mais importante é Castro Alves, chamado de "Poeta dos Escravo", pois cantou a liberdade dos negros escravos e de toda uma nação brasileira, do povo. Não se algemou à esse tema, suas poesias também falavam de amor e colocou a mulher negra como centro do poema, contrariando a visão daquela época.
A descreveu como pura, desejada e mais tocável, a tirou do altar e a aproximou do sensual. A mulher, descrita nas duas primeiras gerações é intocada e inatingível. Já na terceira, Castro Alves descreve uma mulher mais próxima da realidade, de carne e osso.
Segundo ele, a liberdade é atingida através do conhecimento.
Castro Alves
Navio Negreiro
Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!
E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...
Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!
A paisagem, céus e mares fazem contraste ao negro. Sofrimento daqueles que derramam sangue ao luar. A linguagem dele é eloquente, pois usa muito vocativo e as palavras são bem elaboradas e inflamadas, marca de Castro Alves, diferente da linguagem da primeira geração.
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