Arcadismo ou Neoclassicismo (1768 - 1836)
O arcadismo se contrapôs a estética literária anterior, o Barroco, enquanto este era diretamente ligado à conflitos, aquele buscou o equilíbrio. Ocorreu no século 18, com grande influência do iluminismo a explicação passa a ser com uso da razão e do pensamento. Iniciou em 1768 com a publicação do livro de poesias "Obras Poéticas", de Claudio Manuel da Costa.
Claudio Manuel da Costa estudou Direito na Universidade de Coimbra em Portugal, e quando retornou ao Brasil, deparou-se com a degradação fruto da extração do ouro e a poluição nas águas do rio. Em seus poemas, denuncia este fato e deixa clara a diferença entre a natureza do Brasil e a de Portugal.
A palavra Neoclassicismo significa o retorno aos ideais clássicos da antiga Grécia. Tais valores clássicos consistia no Antropocentrismo, com a valorização da razão, do saber, do conhecimento e do mundo material. Tal ideal tinha Aristóteles como representante, que citou a 'mimeses', a representação da natureza, em que o homem deveria imitar a natureza, pois ela é perfeita e equilibrada. O Arcadismo retomou essas ideias.
Já a palavra Arcadismo provém da palavra arcádia, que se refere a uma província da Grécia Antiga, mais tarde descrita por vários poetas como um lugar cheio de simplicidade e paz, habitado por uma população de pastores que gozavam da comunhão com a natureza.
Jean Jacques Rousseau , filósofo do século 17, formulou a teoria do "Mito do Bom Selvagem", a qual dizia que o homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe. Portanto, entrar em contato com a natureza seria um modo de voltar às origens. Assim sendo, os poetas árcades - que na realidade eram ricos, advogados, donos de escravos ou sócios de minas de ouro, praticavam o "fingimento poético", no qual fingiam ser pastores e moradores do campo. Mostravam ter uma vida pobre, humilde, simples, em contato com a natureza. Tal poesia campestre que valoriza a vida no campo é chamada de 'poesia bucólica'.
Expressões Latinas muito usadas nos poemas:
"Fugere Urbem" → Simboliza o homem que foge da vida agitada na cidade em busca da calma e tranquilidade do campo.
"Locus Amoenus" → Lugar ameno ou tranquilo para onde os poetas fugiam.
"Aurea Mediocritas" → O meio termo é de ouro, o equilíbrio é importante, tanto na linguagem como na vida, nem tão rico, nem tão pobre.
"Inutilia Truncat" → Cortar o inútil, eliminar. Ou seja, os excessos e exageros, os enfeites da linguagem Barroca. Ser elegante na simplicidade. Preferem a comparação em vez da metáfora, preferem a ordem direito (SUJEITO + VERBO + COMPLEMENTO) em vez do hipérbato.
"Inutilia Truncat" → Cortar o inútil, eliminar. Ou seja, os excessos e exageros, os enfeites da linguagem Barroca. Ser elegante na simplicidade. Preferem a comparação em vez da metáfora, preferem a ordem direito (SUJEITO + VERBO + COMPLEMENTO) em vez do hipérbato.
No Brasil, ocorria o Ciclo do Ouro em Minas Gerais, e com ele a Inconfidência Mineira em 1789, a qual teve a participação de vários poetas. Como Claudio Manuel da Costa, já citado, e Tomás Antonio Gonzaga. Os poetas do Arcadismo não fizeram crítica social, a não ser no poema "Carta Chilenas"
Ao todo, foram 13 cartas que circularam pela cidade de Vila Rica, desmantelando os corruptos, com abusos de poder e erros administrativos. Escrita em versos decassílabos (10 sílabas poéticas), com linguagem satírica e agressiva. Por muito tempo fora discutida a autoria desta obra, e após vários estudos, descobriu-se tratar de Tomás Antonio Gonzaga. Ele teria se inspirado nas Cartas Persas de Barão de Montesquieu e no estilo satírico de Voltaire, com claras influências dos iluministas franceses. Fez da literatura uma maneira de combate.
Poetas Épicos
Poesia épica é uma narrativa em versos. E teve dois representantes neste período, foram eles: Frei Santa Rita Durão e Basílio da Gama.
Caramuru - Frei Santa Rita Durão
Escrito em 1781, são dez contos, composto por cinco partes: preposição, invocação, dedicação, narração e epílogo, que relatam o descobrimento da Bahia. O protagonista é Diogo Álvares Correia. Há um naufrágio na primeira parte da história, que leva Diogo e mais sete amigos a serem salvos e ao mesmo tempo presos por índios. A intenção destes era alimentá-los para que pudessem ser servidos de comida para a tribo. Porém, a tribo foi atacada pela tribo adversária, o que culminou na fuga Diogo e seus amigos. Na fuga, Diogo entra em uma gruta onde encontra objetos dos naufrágio e a foto de uma bela índia, além de um índio escondido, chamado de Gupeva. Eles conversam e tornam-se amigos, saem para caçar, e o português dispara sua arma, e todos se curvam diante dele, julgando ser o deus do trovão.
O então deus do trovão conhece a bela índia da foto, Paraguaçu, e se apaixonam. Jararaca é apaixonado pela índia, e ataca a tribo, Paraguaçu luta, mas quem a salva é Diogo. Chamado de Caramuru, o enviado de Tupã, Diogo faz com que os índios se submetam a ele. E ele vai embora para Europa com Paraguaçu, o casal é recebido na França, onde ela é batizada e ele descreve a fauna e flora brasileira.
Uruguai - Basílio da Gama
É composto de cinco cantos, sendo 1377 versos sem rimas. Escrito em 1769 a história conta a disputa entre índios e jesuítas. Passa-se no Rio Grande do Sul, representa o conglito entre o racional Europeu (representado pelo padre Jesuíta) e o primitivismo do índio.
Em uma aldeia catequizada pelo padre espanhol Balda, moravam Cocambo e sua mulher Lindóia. Enquanto esta representava beleza e delicadeza, aquele representava força e coragem. O padre foi desleal e corrupto, e engravidou uma índia, o filho fora chamado de Baldeta, mal visto por todos.
O pai do garoto resolve casá-lo com a mulher de Cocambo. O índio é mandado para missões impossíveis e sempre retorna vitorioso. Cocambo é capturado pelos portugueses liderado pelo General Gomes, e descobre em seu cativeiro que o verdadeiro vilão é o padre jesuíta. Os portugueses permitem sua volta para a aldeia para alertar os perigos dos jesuítas.
Ao vê-lo novamente, a aldeia se alegra. Percebendo as intenções do índio, o padre Balda envenena Cocambo, matando-o. Convencida de que o jesuíta havia assassinado seu marido, Lindóia aceita casar-se com Baldeta. No dia do casamento, ela deixou-se picar por uma cobra, a fim de estinguir sua vida. A cena conhecida como a morte de Lindóia é a mais famosa do livro, e descreve uma típica cena do arcadismo: Bucólica e de morte sem dor.
Tomás Antonio Gonzaga
Além das cartas Chilenas, Tomás Antonio Gonzaga também escreveu "Marília de Dirceu".
Cartas Chilenas - Tomás Antonio Gonzaga
"Cartas Chilenas" foi escrito por Tomás Antonio Gonzaga, com o pseudônimo de Critilo, habitante de Santiago do Chile, que era na verdade Vila Rica. Escrevia a seu amigo Doroteu (também pseudônimo) residente em Madri, com o intuito de demonstrar o governo sujo do governador chileno Fanfarrão Minésio, um pseudônimo para Luis da Cunha Meneses, então governador de Vila Rica - MG.Ao todo, foram 13 cartas que circularam pela cidade de Vila Rica, desmantelando os corruptos, com abusos de poder e erros administrativos. Escrita em versos decassílabos (10 sílabas poéticas), com linguagem satírica e agressiva. Por muito tempo fora discutida a autoria desta obra, e após vários estudos, descobriu-se tratar de Tomás Antonio Gonzaga. Ele teria se inspirado nas Cartas Persas de Barão de Montesquieu e no estilo satírico de Voltaire, com claras influências dos iluministas franceses. Fez da literatura uma maneira de combate.
Marília de Dirceu
A obra é dividida em três partes, e os versos tem tamanhos variados, são elas:
Na primeira, o poeta está livre, feliz, idealizando sua vida com a amada Marília, e sonha ter filhos com ela. Na Segunda, o poeta está preso, envelhecido e reclama a ausência de sua amada. Já a terceira é de autoria duvidosa, pois alguns críticos afirmam que o estilo observado nos poemas é muito diferente do usual.
Embora seja um livro Árcade, há características românticas, portanto diz-se que há o pré-romantismo presente na obra. Pode-se observar a presença da emoção e do sentimento, contrárias ao racionalismo árcade.
Dirceu é o centro do poema, e embora pareça dialogar com Marília, é sempre ele quem fala, portanto, um monólogo. Marília foi inspirada em Maria Doroteia Seixas, mulher por quem Antonio foi realmente apaixonado. A descrição da amada é vaga, ora tem cabelos louros, ora cabelos escuros, porém, é linda e idealizada, a mais bela de todas.
Presença do fingimento poético, nota-se a presença do termo "Aurea Mediocritas", em que o poeta diz não ser o vaqueiro rude queimado do sol, e sim o dono das terras (o pastor). Em determinado momento, o eu-lírico se esquece de que é pastor e confessa ser advogado. Além da expressão "Carpe Diem", muitas vezes o poeta convida Marília para aproveitar o momento presente.
Há machismo na obra: o filho do casal se pareceria com ele. Enquanto ele trabalha, a Amada recita poesias.
Além dessas características, há o refrão "Graças Marília Bela/ graças à minha estrela."
Espero que tenham entendido, dúvidas e sugestões, deixe um comentário. Um abraço.
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