Olá seres pensantes, como estão? Hoje vou falar de um livro que me cativou, e apesar de eu já o ter terminado semana passada, eu precisei de um tempo para me recompor de sua leitura. Vamos saber o porquê?
Título Original: The missing shade of blue
Autora: Jennie Erdal
Tradução: Pierre Menard
Páginas: 378
ISBN: 978-85-286-1486-2
Editora: Bertrand Brasil
Livro cedido em parceria com a editora.
Viajando a Edimburgo a trabalho, o francês Edgar Logan prevê uma temporada de iluminação e tranquilidade. Já na Escócia, Edgar conhece por acaso Harry Sanderson e sua cativante esposa, a artista Carrie. A partir daí, sua vida meticulosa passa por um turbilhão, e a viagem que se pretendia estritamente profissional ganha uma carga dramática à qual Edgar nunca se vira acostumado — na verdade, sempre evitara.Atraído pelo casamento conturbado dos Sanderson, Edgar deve enfrentar seus medos mais profundos e seu crescente interesse pela encantadora Carrie. Quanto mais ele descobre os muitos segredos dessa família, mais a viagem ganha ares de thriller. Edgar não é mais o mesmo homem: o turbilhão (do qual ele não sabe quando nem como sairá) já lhe deixou marcas indeléveis. Logo nele, que parece querer passar pela vida sem deixar assinatura.
Edgar Logan é um tradutor francês, que vai a Edimburgo a fim de traduzir alguns ensaios de David Hume, um filósofo Escocês. Por acaso, ele conhece Harry Sanderson, um filósofo anárquico, paranoico e brilhante, e também sua mulher, Carrie Sanderson, uma exímia artista. Ele mergulha nessa estranha amizade ao mesmo tempo em que se aprofunda nas obras de Hume.
Era tão incomum para mim que perguntassem minha opinião sobre qualquer coisa que, sempre que isso acontecia, minha língua se enrolava. Pág 24
Eddie fugia de si mesmo, e uma forma de esconder-se era através dos livros. Tudo o que ele sabia sobre a vida estava nos romances em que lia e ao deparar-se com a vida diante de seus olhos através deste casal, ele fica paralisado e fascinado. A cada nova conversa sobre a vida dos Sanderson's ele descobria um pouco mais sobre sua própria vida.
A maior parte da minha vida se passou em meio a livros, lendo as histórias de outras pessoas, vivendo de forma indireta por intermédio de personagens que não existem. Pág 9.
Neste livro, Logan nos conta a saga de um tradutor. Eles não são muito bem vistos ou renomados, e muitas vezes mal são reconhecidos pelo seu trabalho. A tradução não é simplesmente um trabalho, e sim algo que vem de dentro. É preciso ter o dom de traduzir uma obra sem que ela pese para o leitor e ao mesmo tempo sem que perca a sua originalidade. Quanto de um tradutor está explícito na tradução, e quanto do autor está intrínseco no tradutor? Quando Eddie contou a seu pai que decidira ser tradutor, o pai lhe confidenciou que era a língua que nos atrelava ao mundo.
Mesmo quando as pessoas falam a mesma língua, a comunicação eficiente nem sempre ocorre. Na verdade quando ocorre, é um milagre.
Sanderson critica logo de cara alguns filósofos, pois eles só sabem falar de si mesmos e nunca escutam. Eles mais do que ninguém deveriam tentar compreender os males que assombram a humanidade, mas são egoístas.
Segundo Hume, os filósofos sofriam uma limitação na capacidade de compreensão, eram, em grande parte, indiferentes aos desejos e interesses das outras pessoas, estando completamente envolvidos por suas próprias inclinações.
Carrie é uma pintora que em seus quadros conseguiu captar o vazio. Mas, como se pinta a ausência? Eddie se pergunta. Ele se encanta pela pessoa de Carrie e pelo modo que ela dá vida a seus personagens. A forma que ela representa ao pintar o sensibiliza para a vida.
Ao conhecê-los melhor, ele sente-se preso a essa nova atmosfera que eles causam. Passa horas com Harry e longas são suas conversas. Porém, Logan pouco fala, é como se Harry estivesse em um monólogo. Ele é um homem em crise que se revelou a Eddie, e ele sente-se preso a essa história que lhe causa um turbilhão de emoções e lembranças.
Quando jovem, Edgar teve um colapso nervoso. Ao longo da narrativa, vamos entender porque isso aconteceu. O livro adquire um ar de diário algumas vezes, Eddie vê-se em um devaneio acerca de seus pensamentos e sentimentos, e o leitor consegue captar esse receio por parte dos personagens. O leitor consegue acompanhar o drama vivido pelos personagens e se sensibilizar com eles.
Este livro traz vários questionamentos acerca da condição moderna, como a ausência de fé ao flagelo do ciúme, da natureza fugidia da felicidade à capacidade humana de amar. Essa obra trata-se de indagar acerca da vida em si, envolta em ciúme, e de como tratamos a morte e o que ela represente. Inquere sobre o que é certo ou errado e as consequências daqueles que mentem, tanto para os outros, como pra si, se iludindo muitas vezes.
Os personagens são muito bem elaborados, com personalidades marcantes e a narração é bem detalhada. Há uma forte crítica a religião, alguns personagens tiveram o curso de suas vidas mudadas devido a intolerância de algumas pessoas. Há também um julgamento sobre a hipocrisia humana, ao mostrar incredulidade quando somos pagos na mesma moeda.
Há um forte relato sobre felicidade, podemos confundi-la com outras coisas como alegria ou satisfação. A felicidade aqui pode ser um conceito, como também apenas uma ideia abstrata. Assim como outros sentimentos que julgamos ser uma coisa e na verdade é outra. O amor não é o que parece.
O Tom Ausente de Azul traz vários questionamentos mas não responde nenhum. Jennie Erdal nos presenteia com personagens cheios de perguntas, mas não nos dá as respostas. É preciso que nós leitores as encontremos. Este não é um livro que lhe dirá o que o personagem fez ou não, é preciso pensar para descobrir aonde se quer chegar.
Suspeito que a literatura possa resolver mais coisas que a filosofia. A filosofia é boa em fazer perguntas, mas a literatura nos aproxima das respostas.
Eu super indico esse livro. Apesar de o final não ter sido o esperado, o final nem parece um final. Esse livro traz tantas lições para um leitor atento. Espero que você tenha se interessado por esse livro tão encantador. O que achou? Deixe um comentário!
apesar de não ter curtido muito a capa, gostei da premissa que o livro traz... gosto de leituras que me façam refletir e pensar sobre o desfecho dos personagens, como se dá o envolvimento deles entre si e com suas rotinas e trabalhos...
ResponderExcluirinteressante... recomendação anotada...
Gostei muito da resenha e fiquei curiosa pra ler o livro!
ResponderExcluirOlá, achei a capa do livro o título muito interessantes, já a sinopse não me agradou tanto e lendo a sua resenha percebi que é um livro que eu não leria, não sei explicar mas algo nesse enredo não me cativou.
ResponderExcluirhttp://vocedebemcomaleitura.blogspot.com.br
Poxa, parece ser um livro muito complexo e com personagens fortes. Pela sua resenha e por seus comentários dizendo o quanto gostou da obra, fiquei curiosa para conhecer. Bjs
ResponderExcluirTerritório nº 6
Quando li a sinopse e vi a capa desse livro, me interessei. Não sabia, no entanto, que a narrativa e seus personagens fossem tão profundamente complexos e humanos. Gostei muito das críticas que a autora traz na obra e do destaque que oferece à arte e à tradução. Realmente, parece uma excelente leitura.
ResponderExcluirBeijos!
http://www.myqueenside.blogspot.com
Sua resenha me encantou, mas confesso que não o suficiente para eu querer ler pra já, sabe? Quer dizer, sua resenha ficou ótima, mas a trama em si não me conquistou o suficiente. Quem sabe em um outro momento.
ResponderExcluirbeijos
www.apenasumvicio.com
Nossa quantas marcações no livro, gostou mesmo rsrs
ResponderExcluirAcho que não leria por ainda o livro não ter me conquistado
Mesmo tendo personagens fortes to numa fase de romance água com açúcar rsrs
http://malucaspor-romances.blogspot.com.br/
Olá!
ResponderExcluirQuantas marcações, acho que você gostou mesmo do livro! Eu já não tenho certeza se gostei, li a sua resenha e fiquei na dúvida se quero conhecer essa obra ou não... Gostei que o autor trás questionamentos que nós mesmos temos que responder, mas ainda assim, no livro não me ganhou!
Beijos
LuMartinho | Face
Que título lindo! E tem muito a ver com tudo que você pontua na resenha. Questões existencialistas. É um livro complexo. Uma leitura para vida todos. Espero ter o prazer de um dia lê-lo.
ResponderExcluirBeijos!
Não conhecia o livro,mas me interessei bastante.
ResponderExcluirA capa também ajudou.
Muito bem pontuada a sua resenha, gostei de como você se expressou.
Lisossomos
Olá Aria, o livro parece ter até uma boa historia, mas não consegui ficar interessada por ela =/ E apesar da resenha positiva e desta capa bonita acho que vou passar a dica...
ResponderExcluirVisite "Meu Mundo, Meu Estilo"
Olá!
ResponderExcluirAinda não conhecia esse livro, mas agora estou interessadíssima!
Que capa linda e esse enredo é mega interessante!
Adorei a resenha e já coloquei o livro em minha lista!
Beijos!
www.livrosdajess.com
Oii, tudo bem?
ResponderExcluirPela capa, eu achei que o livro tratasse de mitologia, rsrs. Bom, achei diferente porém encantador a premissa do livro, apesar de me parece meio confuso de se entender, mas mesmo assim adorei, rsrs. Gostei da sua resenha.
Beijos da Jéss ♥
Brilliant Diamond | Fan Page
Eu senti a mesma sensação que você com relação ao final e também senti que talvez tenha escapado algo nas entrelinhas do livro que não consegui captar, como por exemplo, se houve ou não um real envolvimento entre o Edgar e a Carrie.. enfim, adoraria conversar com alguém que já leu o livro.
ResponderExcluirParabéns pela resenha! Visite meu site, se interessar