segunda-feira, 29 de junho de 2015

Resenha: O Sol é Para Todos - Harper Lee

Hoje vou falar de um livro sensacional, eu havia visto apenas alguns comentários sobre ele, mas não sabia do que se tratava. E quando a Record me enviou eu fiquei muito feliz. Vamos conferir?

O Sol É Para Todos
Título Original: To Kill a Mockingbird
Autora: Harper Lee
Páginas: 364
Tradução: Beatriz Horta
Editora: José Olympio

Cortesia da editora.
Um livro emblemático sobre racismo e injustiça: a história de um advogado que defende um homem negro acusado de estuprar uma mulher branca nos Estados Unidos dos anos 1930 e enfrenta represálias da comunidade racista. O livro é narrado pela sensível Scout, filha do advogado. Uma história atemporal sobre tolerância, perda da inocência e conceito de justiça.
O sol é para todos, com seu texto forte, melodramático, sutil, cômico (The New Yorker) se tornou um clássico para todas as idades e gerações.

O livro é narrado por Scout, uma garotinha de 8 anos que tem um irmão, Jem, 4 anos mais velha que ela. Aos 2 anos ela perdeu a mãe, mas não se lembra dela, ela foi criada por seu pai Atticus que é advogado e por Calpúrnia, uma governanta negra. A história se passa no sul dos Estados Unidos na década de 30, após uma grave crise econômica.

A narrativa se inicia com as crianças brincando no quintal de casa. Nas férias eles conhecem Dill, um garoto que começou a visitá-los durante o verão. Eles passam a investigar a vida de Arthur Radley, um homem que depois de um conflito familiar na adolescência, ficou recluso em sua casa e deixou alguns mistérios para a vizinhança.
Aqueles eram nossos primeiros dias de liberdade e já estávamos cansados. Fiquei me perguntando como seria o verão.

Foto por: RaphaelaCabral
Scout inicia seu primeiro ano na escola, e com ele várias descobertas. Atticus foi indicado para representar um réu negro acusado de estupro. Seus colegas de sala passam a humilhá-la por ela ser filha de um advogado que defende negros. De temperamento forte, Jean bate nos coleguinhas para defender seu pai, embora não saiba o que as palavras querem dizer, apenas que elas o estão ofendendo.
Ainda que tenhamos perdido, antes mesmo de começar, não significa que não devamos tentar.
Jean Louise é solta no mundo, foi criada em meio a liberdade de brincar como desejasse, sua tia Alexandra percebendo o modo como foi criada, tenta educá-la para ser uma dama e passa a mandar na garota. Ao passo que Jem está na adolescência, passando por alguns conflitos, que as vezes incluem Scout.

A história tem uma visão infantil, por ser narrado por Scout. As crianças ainda não foram contaminadas com o ódio, portanto tem um ponto de vista inocente sobre o que está acontecendo no condado de Maycomb. Um homem acusado injustamente somente por ser negro e devido ao preconceito a cidade está contra ele, as crianças veem que as coisas estão erradas, mas não podem fazer nada para mudar isso.
Jem tinha me explicado uma vez, quando passou por uma curta fase de estudos psíquicos. Jem disse que se um determinado número de pessoas (um estádio esportivo lotado, por exemplo) se concentrasse em uma coisa, como fazer uma árvore pegar fogo na floresta, ela se incendiaria.
Em paralelo, desvendam aos poucos a história de Radley, um homem que não gosta de sair da sua casa, e que as crianças jamais viram. Muitos diziam se tratar de um homem mal que anos antes cometeu vários crimes. Pequenos objetos misteriosos eram deixados em uma árvore perto da casa de Boo, como gomas de mascar e estátuas das crianças. Que mais tarde descobriu-se tratar de presentes para as crianças. 


Maycomb é um condado no sul dos Estados Unidos, historicamente falando, o sul foi resistente a abolição dos escravos. Após a guerra com o norte, mais desenvolvido, eles foram obrigados a abdicar e por isso nutrem um certo ódio pelos negros. Atticus tenta mostrar a cidade que Tom Ronbinson é inocente das acusações, e apesar de todo o seu esforço, ele não consegue salvá-lo. O ódio da sociedade é maior e sucumbe a vida do pobre coitado.

Atemporal, o condado representa uma parcela do mundo que ainda insiste em ser preconceituosa e não entender as pessoas. Tom Robinsons e Boo Radley poderiam ser os vilões desta história, mas na verdade foram injustiçados por uma cidade inteira. Foi preciso a voz de uma garotinha para que um grupo de homens pensassem sobre o que estavam fazendo e não linchassem um inocente. As crianças não foram corrompidas, para elas, todos eram, de certa forma, iguais.
- O que foi filho?
- Como eles puderam fazer isso?
- Não sei, mas fizeram. Já fizeram antes e fizeram hoje e vão fazer de novo, e quando uma coisa assim acontece...parece que só as crianças choram.
Em certo momento, Calpúrnia, a governanta negra leva as crianças até a igreja que ela frequenta. Ao chegar, por serem brancas, elas são mal recebidas por uma negra da comunidade. O reverendo torna-se amigos deles e durante o julgamento de Tom, eles sentam-se juntos em meio a outros negros.

Foto por: RaphaelaCabral
Dill também não consegue entender porque as pessoas são assim, em determinado momento do julgamento de Tom Robinson ele chora e é consolado por um homem que também não é compreendido. Scout e Jem passam a perceber o quão injusto é a sociedade em que vivem.
Cheguei à conclusão de que as pessoas eram estranhas. Por isso, mantinha distância e só pensava nelas quando era obrigada.
Este é um livro sobre ter paciência com as pessoas ao seu redor, muitas delas são preconceituosas e não procuram compreender o próximo. É um livro que nos ensina a se colocar no lugar de uma pessoa para tentar entendê-la. Atticus deu sua cara a tapa quando de bom grado aceitou o caso de Tom Robinson. Mesmo sabendo que teria uma grande chance de não ser bem sucedido, ele tentou, pois saberia que valeria a pena e que sua consciência nunca estaria tranqüila se ele não seguisse seus instintos. Certamente Atticus é o resultado de boas influências dado na infância. Ele seria o resultado do que Scout e Jem presenciaram, metaforicamente.
As vezes, a bíblia na mão de um determinado homem é pior do que uma garrafa de uísque.
Harper Lee colocou muito de si neste livro, assim como Atticus seu pai também era advogado e seu irmão era 4 anos mais velha que ela. Esta obra Já vendeu mais de 30 milhões de cópias nos Estados Unidos e, no último ano, ganhou a recomendação do presidente Barack Obama, que proferiu o seguinte elogio: “Este é o melhor livro contra todas as formas de racismo”.

Foto por: RaphaelaCabral

Este é um livro sensacional, um dos melhores que já li além de ser um dos livros mais procurados do Grupo Editorial Record. Gostaria de agradecer imensamente à editora pela oportunidade de ler obras tão fascinantes, que conseguem me mudar e me fazer querer ser uma pessoa melhor, estou amando aprender com os livros. Gostaria de agradecer também à minha amiga neurótica Raphaela, que presenteei com o livro e que permitiu que eu usasse essas fotos.

Super indico este livro, foi eleito pelos leitores de Modern Library um dos 100 melhores romances em língua inglesa. Terá continuação lançada também pela José Olympio. O filme venceu o Oscar de melhor roteiro adaptado. Agora eu entendo porque este romance tão significante é leitura obrigatória nas escolas dos Estados Unidos.

Espero que tenham curtido esta resenha, infelizmente eu não pude aprofundar mais por conta dos spoilers. Mas se quiser podemos conversar um pouco mais nos comentários. Já leram o livro? Gostaram? Ficou com vontade de ler? Deixe um comentário!

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Um comentário:

  1. Olá, adorei sua resenha, cheia de detalhes. O livro parece realmente muito bom e é achei muito bacana o fato de ser do ponto de vista de uma criança. Já entrou para a minha lista.

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