quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Resenha: A Hora da Estrela - Clarice Lispector

Oi galera, tudo bem? Espero que estejam ótimo, afinal, essa resenha é de abalar corações. Talvez eu não consiga expor em palavras o que eu senti após ler esse livro, mas eu tentarei.

Sinopse:
"A história da nordestina Macabéa é contada passo a passo por seu autor, o escritor Rodrigo S.M. (um alter-ego de Clarice Lispector), de um modo que os leitores acompanhem o seu processo de criação. À medida que mostra esta alagoana, órfã de pai e mãe, criada por uma tia, desprovida de qualquer encanto, incapaz de comunicar-se com os outros, ele conhece um pouco mais sua própria identidade. A descrição do dia-a-dia de Macabéa na cidade do Rio de Janeiro como datilógrafa, o namoro com Olímpico de Jesus, seu relacionamento com o patrão e com a colega Glória e o encontro final com a cartomante estão sempre acompanhados por convites constantes ao leitor para ver com o autor de que matéria é feita a vida de um ser humano."


Aviso: Contém Spoiler

Macabéa é uma nordestina que vive no Rio de Janeira. Órfã foi criada pela tia aos tabefes. Aos 19 anos, ela consegue um emprego como datilógrafa, e mal sabe escrever. Após muitos erros ortográficos, seu chefe decide demiti-la, ela pede desculpas, e vendo que esse era o único emprego que poderia conseguir, ele a deixa ficar mais tempo.

Após a morte da tia moralista e religiosa, ela passa a dividir um quarto com outras mulheres. 
Ela raramente tomava banho e cheirava mal, tinha tosses persistentes durante a noite, e não conseguia dormir. Enganava a fome comendo pedacinhos de papel. Desde criança foi privada das coisas que gostava, tinha pequenos hábitos e manias que escondiam um pouco sua solidão, mas nunca era suficiente.

Se tivesse a tolice de se perguntar ”quem sou eu?” cairia estatelada e em cheio no chão. É que “quem sou eu?” provoca necessidade. E como satisfazer a necessidade? Quem se indaga é incompleto.

Era magra, pálida e apesar disso, conseguiu um namorado. A relação de Macabéa com Olímpico não durou muito. Não era realmente um namoro, mas sentavam-se no banco da praça e conversavam, infelizmente nem isso Macabéa sabia fazer. A falta de estudo e de conhecimento levaram-na a não pensar muito, e quando pensava, eram coisas corriqueiras. Em um momento do diálogo, ela diz "Eu gosto tanto de parafuso e prego, e o senhor?", lamentável. 


Macabéa gostava de ouvir os anúncios no rádio, e se entusiasmava com as palavras difíceis. Gostava de ir ao cinema e sonhava em ser uma estrela. Um dia, ela passa um batom vermelho, que não fica bom. Ela vai ao médico e descobre estar com tuberculoso, mas não percebeu a gravidade da doença.

Mas quem sou eu para censurar os culpados? O pior é que preciso perdoá-los. É necessário chegar a tal nada que indiferentemente se ame ou não se ame o criminoso que nos mata. Mas não estou seguro de mim mesmo: preciso amar aquele que me trucida e perguntar quem de vós me trucida. E minha vida, mais forte do que eu, responde que quer porque quer vingança e responde que devo lutar como quem se afoga, mesmo que eu morra depois. Se assim é, que assim seja.

Olímpico conhece Glória e decide ficar com ela, culpada por ter roubado o namorado da amiga, Glória a convida para um chá em sua casa e Macabéa come demais. Glória indica-lhe uma cartomante. Ela vai até a farsante, que lhe diz que seu futuro promete, com um gringo que lhe dará muito amor, ela o conhecerá em um belo carro. 

Macabéa enfim tem seu momento de fama, eis que ela vira estrela. Ao sair da cartomante, a moça é atropelada por uma Mercedes Amarela. Na sarjeta, caída, enfim a notaram e não precisou de batom nenhum para isso. 


Macabéa não tem muito conhecimento, eu consegui ficar com raiva dela. Mas depois passou, não é culpa dela. Talvez ela não saiba que exista. Meu deus, esse livro mexeu muito comigo, até fiz essa arte aí em cima. Esse livro me deixou em uma depressão profunda. Não sabia se eu estava tendo uma epifania ou uma crise existencial. Clarice tem esse poder sob as pessoas.

O modo como Rodrigo descreve Macabéa faz-nos crer que nem mesmo depois de enterrada ela teria alguma utilidade. Como se nem os bichos quisessem comer ela. As pessoas que a rodeavam estavam simplesmente aguentando ela, não estavam realmente lá. Por que as pessoas fazem isso? Será que é por pena?
É que “quem eu sou?” provoca necessidade. E como satisfazer a necessidade? Quem se indaga é incompleto.
Embora pensássemos que ela não tenha conhecimento de si, Macabéa pensa consigo mesma, faz diálogos em sua cabeça a cerca do mundo, da vida, da sua existência. Mas será que isso é suficiente? Ela vivia, ou simplesmente existia? Aquilo é uma sub-vida?

Esse livro todo é importante, cada frase dita, cada palavra milimetricamente colocada ali pra se fazer pensar. É difícil escolher os quotes para destacar aqui, eu grifei praticamente o livro todo, e li, e reli. E refleti. Nunca refleti tanto com um livro. Eu só não chorei porque Macabéa não merecia meu sofrimento, EU merecia meu sofrimento.
Quem já não se perguntou: sou um monstro ou isso é ser uma pessoa?
Eu indico esse livro, eu indico muito. Eu não posso dizer que esse livro é meu preferido, porque ele me faz pensar muito. E eu não gosto de livros que fazem isso comigo, me tirando noites de sono e me arrancando pensamentos soltos acerca da vida. Sabe aquela sensação de explodir? É isso que esse livro faz com você (Ou pelo menos com pessoas muito sentimentais como eu).

Espero que tenham aproveitado essa resenha, e não me achem muito louca, por favor. Qualquer dúvida ou sugestão, deixe um comentário com o que achou, eu agradeço por ter lido até o final! Beijos.

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