Título: Polícias, Crimes e Criminosos
Autor: Samuel Antunes Teixeira
Páginas: 570
Ano: 2013
Idioma: Português de Portugal
Editora: Chiado Editora
Livro cedido pela editora
Estas são memórias dos 30 anos em que trabalhei na investigação de homicídios..
Em alguns poucos casos que tive que as complementar com alguma imaginação para preencher uma ou outra falha de memória. Em outros, também recorri à imaginação para conseguir uma abordagem mais ampla de temas fraturantes da nossa sociedade que determinados casos refletem. Fi-lo, porém, sempre com base em situações que fazem parte desta minha vivência,sem desvirtuar o sentido do real.
Não procurei uma estrutura uniforme na sua concepção, diversifiquei, e tentei fugir ao estilo "relatório de polícia, evitando descrições demasiado factuais, pormenorizadas ou técnicas sem, contudo, deixar de revelar aspectos do funcionamento da investigação criminal e da sua concretização processual.
Procurei retratar pessoas, ambientes e mentalidades, assim como manifestei a minha posição sobre temas polémicos que não representa, de modo nenhum, os investigadores da Polícia Judiciária. Sou voz, não sou porta-voz.
Samuel Antunues Teixeira nasceu em queijas no ano de 1949, iniciou como tipógrafo aos 13 anos. E neste livro, conta grande parte deste trabalho que durou cerca de 30 anos em diferentes cargos, e o último, porém não menos importante, foi o de investigador da Polícia Judiciária na seção de homicídios. Há enxertos de documentos e fotos que nos levam a entender melhor cada caso.
A coragem deve surgir naturalmente, como uma necessidade em situações limites.
O livro já em sua terceira edição, é dividido em 5 capítulos, além de um prefácio, introdução e epílogo. Cada capítulo contém acontecimentos de determinada época, sendo que tais acontecimentos são um misto de histórias ocorridas ao longo das investigações, como casos em que ele trabalhou, juntamente com desabafos sobre tais casos e eventos de sua própria vida.
Em cada capítulo é narrada uma época da vida do autor, e com ela os acontecimentos dentro da Polícia Judiciária. A vida do autor e os casos em que ele trabalhou estão intrinsecamente ligados. Para cada caso, seja ele de grande ou pequeno porte, o autor revela sua opinião e faz uma breve reflexão. Conta sobre suas primeiras experiências e como foram.
Fingia que tinha a situação controlada, mas estava a fazer um enorme esforço mental para dominar o medo.
Em alguns momentos, ele mostra decepção com o sistema judiciário de Portugal. E embora achássemos que era somente no Brasil que as coisas estavam ruins, vamos descobrido que em outros lugares do mundo também estão.
A qualidade da justiça é definidora da qualidade de uma sociedade. Por isso a nossa é o que se vê.O autor também fala de política e reflete sobre sua situação atual e sobre os anos que passaram. Conta sobre movimentos ocorridos na época, tal qual o 25 de abril, momento importante para o povo de Portugal em que constituiu num movimento social que depôs o regime ditatorial e implantou a democracia.
Aqueles que já nasceram em liberdade não têm noção da sua importância. Eu próprio só conheci esse valor com o 25 de abril.
Fala também sobre o aborto e expõe sem escrúpulos sua opinião, dá nome àqueles que permitem que mulheres continuem a morrer. Aponta a igreja como maior das hipócritas.
Já bastava o trauma de terem de fazer um aborto, para ainda terem de se submeter a exames médico-legais e a prestarem declarações como vulgares criminosas. [...] A igreja católica apresentava-se como sendo o maior travão para que esta lei fosse alterada. Enquanto se entretinham com filosofias inúteis, que só servem para exercícios de especulação intelectual, como por exemplo, saber se o embrião é, ou não, vida, havia mulheres a morrer, e muitas a ficarem com graves problemas de saúde.[...] A igreja sempre se caracterizou por ter duas faces, se por um lado foi geradora de valores civilizacionais em que assenta a nossa sociedade, por outro, alegando a sua defesa, praticou as maiores barbaridades da história da humanidade sem qualquer respeito pelo sofrimento e pela vida humana.Por não acreditar em deus, pode ser que ele tenha criticado a Igreja Católica em demasia, embora sempre apresentando argumentos coerentes baseados em fatos.
O autor não escreve o livro como uma narrativa para que fiquemos intrigados, ele escreve para compartilhar conosco o que viu em 30 anos de investigação. Muitas vezes são homicídios por motivos torpes, em outros nem ficamos sabendo o motivo, já que ele também não teve conhecimento.
Reflete sobre a situação do homem e da humanidade
Onde há homens, há problemas.
É um livro que nos faz refletir sobre vários assuntos, que abre nossa mente para novas reflexões. É possível ver que não só o Brasil tem problemas, pois não são os países que possuem problemas, e sim as pessoas que os causam, e há pessoas em todo o lugar.
Foi um livro fantástico de ler, a leitura fluía bem embora parecesse que eu nunca chegaria ao final desse calhamaço! Super recomendo este livro! E ai, o que acharam? Leriam este livro?