sábado, 8 de outubro de 2016

Resenha: Primeiros Contos de Truman Capote

Título: Primeiros Contos de Truman Capote
Autor: Truman Capote
Tradutor:Clóvis Marques
Páginas: 160
Ano: 2016
Editora: José Olympio
Contos/Literatura estrangeira

Reunião de contos inéditos, descobertos em 2013, na Biblioteca Pública de Nova York. Textos curtos e fortes, que já demonstram o talento para narrar histórias e a capacidade de empatia do autor, que se tornaria um dos mais importantes escritores do século XX com os emblemáticos Bonequinha de luxo e A sangue frio. Se os contos encontrados neste livro pudessem ser lidos como cinema, nos remeteriam aos filmes de Lucrecia Martel: as cenas são cotidianas e quase banais, mas ao entrar nas histórias, a sensação é de uma constante tensão. A atenção ao detalhe pareceria sem importância se não fosse um dos motores para sentirmos uma catástrofe iminente, que pode ser desencadeada a qualquer momento ou até não acontecer. De todo modo, ficamos muito próximos dos personagens e nos identificamos com eles, como se o autor tocasse na vida sem tentar explicá-la. Bonequinha de luxo foi adaptado para o cinema em 1961.

A atuação de Audrey Hepburn tornou a personagem inesquecível e seu criador, Capote, mundialmente conhecido. Com tradução bem-cuidada de Clóvis Marques, o livro contém prefácio do escritor, crítico e colaborador da revista The New Yorker Hilton Als.


Está claro que os Primeiros Contos de Truman Capote são mesmo primeiros contos. São contos bem desenvolvidos com escrita que remete aos contos mais maduros do autor. Embora seja principiante, Capote demonstra uma sabedoria inata ao formar frases impactantes na forma em que narra os acontecimentos.
Os manuscritos representam uma rara oportunidade de avaliar como um escritor de dons inatos excepcionais ainda precisa se aperfeiçoar. David Ebershoff, Random House. 
Nos contos, o autor narra o que vê, nunca o que sente. Ao contar as história, se vale de desvios para sondar o próprio coração. Ele tenta adivinhar o que o personagem sente, em vez de tentar se colocar ao lugar dele, como em alguns contos em que as protagonistas são negras.

A maioria dos jovens autores começa reproduzindo na página escrita alguma versão de si mesmos. David Ebershoff, Random House.
Capote por ser homossexual, tenta encontrar um lugar em que se encaixe, tal qual seus personagens. Ele contempla seus personagens como se fosse um espelho, a citar Louise, uma mestiça em colégio de brancos, e Lucy, uma negra nascida em clima quente tentando se acostumar ao clima frio de Nova York.
Capote contemplando os outros, em vez do espelho, como se já soubesse que a empatia viria a se tornar um elemento central de sua arte. 

Os contos são curtos, com frases claras e imagens precisas, linguagem ao mesmo tempo vigorosa e leve. Há um olhar cinematográfico na escrita de Capote, que faz com que imaginemos a cena a medida que é descrita. 
Quatro cadeiras e uma mesa. Na mesa, papel - nas cadeiras, homens. Janelas dando para a rua. Na rua, gente - batendo nas janelas, chuva.
Nesses contos há uma pitada de sombrio, como se a qualquer momento algo ruim pudesse acontecer - e acontece. Isso é causado devido a atenção que Truman dá aos detalhes, o que nos deixa atentos para uma catástrofe iminente. 

Alguns dos contos são observações feitas por alguém, é como se sua vida fosse observada e recontada, e você não fosse o protagonista da sua própria história. A breve história de mulheres negras é narrada, sem a preocupação com o que elas estão sentindo e sim com o que elas parecem sentir. 
Sentiu como se talvez tivesse nascido para ser solitária, exatamente como certas pessoas nascem cegas ou surdas.

São história de amor, de perdas, despedidas, mortes (e muitas), saudades, arrependimentos. Histórias que mereciam ser contadas. Histórias que nos fazem refletir e que nos desperta o desejo de querer mais, de saber como aquele casal estaria 30 anos depois e como aquela história terminou. 
Agora que estava quase lá, não queria mais caminhar. Enquanto não tivessem de fato se despedido, ele ainda era dela. Então sentou-se na macia relva da noite à beira da estrada a esperá-lo.
Nos é contado apenas o que se viu, apenas o fato que culminou na história. Não se fala o final, não se conta o que se sucedeu. Ficamos á deriva num mar de histórias sem um final, e é exatamente por isso que cada uma das histórias dos contos é linda.
Lia bastante poesia, mas não entendi muito do assunto, apenas gostava do som das palavras e às vezes dos sentimentos por trás delas.
Este é um livro que deva ser lido e apreciado. E você, o que achou? Se interessou pela história? Deixe um comentário!

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